Mindinho era o apelido de conhecido barbeiro na cidade de Leme-SP.
Nunca iria imaginar que aquela carinhosa alcunha do competente Sr. Hormindo ficasse tão perene na memória. Frequentava seu conhecido salão, não tanto pelos cabelos, que ainda os tinha, mas, sobretudo para ler a famosa revista O Cruzeiro.
Preciso confessar que naquela revista semanal pouco lia as noticias esportivas. Para esta especialidade tínhamos diariamente no Colégio Estadual ‘Newton Prado’ estimados colegas que sabiam todas as escalações de times, bem como os resultados dos jogos.
Estas lembranças ficaram marcadas na memória até que, um dia, muito mais tarde, sobreveio aquele sete a um na fatídica Copa. Um colossal desastre nacional e de lá para cá passamos a depender do outro mindinho, o do pé.
Nunca vi – desde a clássica Anatomia até a avançada Ortopedia – um componente corpóreo mais essencial à nossa sobrevivência no Brasil.
Dessa estrutura óssea fundamental, chamada quinto metatarso ( pododáctilo ), cercada de músculos estabilizadores do andar e do equilíbrio ortostático, somos dependentes. Agora, muito mais ainda.
Vejam só, como somos distraídos. Nos cruzamentos da vida, quando a bola enigmática das surpresas existenciais cruza a área de conflito no campo das disputas humanas ( social, econômico e outros ) é que sentimos as fissuras em nossas bases de sustentação nacional pondo em risco o nosso equilíbrio. Facilmente regredimos na classificação mundial.
Não só no esporte, mas, muito antes, na educação, na saúde, na segurança. Ah, como gostaria de falar mais dessas nossas outras fraturas patológicas tão mais graves...
Gostaria de pensar mais nesse equilíbrio, mas não dá, não. A Copa vem ai e pode não dar tempo do mindinho sarar. E se o mindinho – não o barbeiro, mas o osso do pé daquele jogador -não se curar, estaremos fritos e, então, bye, bye Brasil.
Será isso mais uma simples distração num país tropical?
Quanta ironia!
Francisco Habermann fhaber@uol.com.br