Era o ano de 1647, mês de fevereiro, o Estado de Pernambuco vivia sob domínio dos holandeses, a imagem do Senhor Bom Jesus vinha num navio português, tinha saído de Portugal e rumava para o Brasil àquela altura dividido entre holandeses, franceses e portugueses.
Ao se aproximar de Pernambuco, o navio foi abordado pelos holandeses.
Com receio de ter seus objetos profanados, a população lançou todos ao mar, inclusive a imagem do Senhor Bom Jesus.
Nove meses mais tarde, na Praia do Uma, dois índios enviados à Via Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, enviados pelo Sr. Francisco de Mesquita, morador da Praia da Juréia, avistaram algo entre as ondas. Como não conseguiam identificar os objetos resolveram entrar no mar e resgatá-los. Perceberam que se tratava de uma imagem e junto a ela havia também algumas botijas de azeite e um caixote de madeira.
Acreditando que havia alguma relação entre os objetos resolveram trazê-los à margem. Para prosseguir viagem, colocaram a imagem de pé na areia ao lado das botijas e do caixote. No regresso ao se aproximarem da imagem, perceberam surpresos que, deixando-a virada para o nascente, encontraram-na virada com o semblante voltado para a direção poente.
Apressaram-se em voltar ao seu local de morada e contar o que acontecera. No dia seguinte, Jorge Serrano, líder da comunidade, tomou no caminho de Praia do Uma, acompanhado de sua mulher Ana de Góes, de seu filho Jorge e sua cunhada Cecília. Quando chegaram diante da imagem puseram-se de joelhos e rezaram, rendendo graças. Decidiram então levá-la para a Vila de Iguape e para facilitar o transporte, usaram uma rede de pesca.
Um grupo de pessoas que havia sido informado do achado da imagem pelos índios acercou-se de Jorge Serrano, com a intenção de levá-la para a Vila de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, por esta ser a sede da Capitania. Ao tentarem virar o cortejo para àquela Vila, a imagem surpreendentemente tornou-se muito pesada e o contrário aconteceu quando voltaram-na na direção à Vila de Iguape.
Perceberam então que a imagem já havia escolhido seu destino. À medida que se aproximava da vila eram muitas as pessoas que se juntavam à procissão. Após dias de caminhada encontraram um lugar de rara beleza onde pararam para banhar a imagem sobre as pedras de um riacho, retirando o salitre e preparando-o para a sua chegada na Matriz de Nossa Senhora das Neves.
Este riacho ficou conhecido como Fonte do Senhor e dizem que a pedra sobre a qual foi banhada a imagem, cresce continuamente. No dia 02 de novembro de 1647, terminada a lavagem, a imagem finalmente chegou à vila e foi entronizada na Matriz de Nossa Senhora das Neves. As notícias de acontecimentos miraculosos envolvendo a imagem transformaram Iguape num centro de peregrinação.
No ano de 1787 foi iniciada a construção de uma nova igreja, pois a Matriz de Nossa Senhora das Neves encontrava-se em péssimas condições. A obra foi interrompida e somente trinta anos depois foi retomada. Já nesta época a Procissão do Senhor Bom Jesus era realizada no dia 06 de agosto, dia da transfiguração do Senhor. No dia 05 do mesmo mês ficou consagrado a Nossa Senhora das Neves.
Em clima de grande festa foram transladas, num cortejo chamado pelos fiéis de Procissão da Mudança, a imagem do Senhor Bom Jesus e todas as outras imagens da antiga matriz para a nova Igreja que, no ano seguinte passou a ser denominada Paróquia de Nossa Senhora das Neves e Matriz do Senhor Bom Jesus de Iguape. Firmou-se a tradição de peregrinação à cidade, e hoje Iguape recebe muitos romeiros devotos do Bom Jesus numa demonstração de amor, emoção e fé.
O ícone do Bom Jesus, exposto na sacristia da Basílica, foi executado pelo famoso pintor iguapense Trajano Vaz. Antes esse quadro havia sido exposto em Santos e no Rio de Janeiro, onde foi admirado por milhares de pessoas. Em 1924 foi doado à Basílica em cumprimento de um voto de fé.
Site: www.senhorbomjesusdeiguape.com.br
Endereço:
Praça da Basílica, 114 – Centro
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Fontes: Facebook Cidade de Iguape