As misteriosas ruínas do Itaguá

Nas encostas do Morro da Espia, em Iguape, seguindo-se pela Estrada Municipal Manoel Alves da Silva, mais conhecida como Estrada do Cristo, numa planície costeira ao Mar Pequeno, situam-se as imponentes e enigmáticas ruínas do Itaguá. As informações sobre o local são vagas e imprecisas. Poucos documentos históricos existem a respeito e, até pouco tempo, em quase nada auxiliavam a dissipar a espessa névoa que há décadas encobriam a história dessas ruínas.

As misteriosas ruínas do Itaguá
As misteriosas ruínas do Itaguá 


Tudo leva a crer que a construção do Itaguá remonte à época colonial, devendo ter passado pelas mãos de vários proprietários. A respeito do local, a mais antiga referência que     conseguimos encontrar data de 22 de janeiro de 1692 e consiste de uma escritura de venda de terras, citada pelo historiador Ernesto Guilherme Young (1850-1914), lavrada na “Villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape, Cappitania de Nossa Senhora da Conceição, partes do Brazil, etc”, na qual a viúva Maria Nunes Chaveiro, “dona viuva moradora nesta dita vila”, vendeu ao padre de Iguape, Antônio Barbosa de Mendonça, “deste dia para todo o sempre huans sortes de terras”, que partiam “da barra do Ribeiro Hipirangua [Ipiranga] correndo a veira mar athe a pedra Redonda junto ha y Tagua [Itaguá] a qual pedra quando a maré está cheia fica cuberto dagoa (...)”. (1) Nessa escritura não consta se havia alguma construção, engenho ou rancho, por isso acreditamos tratar-se de terra nua.

O “ribeiro” em referência era o antigo rio Ipiranga (hoje canalizado), que, partindo da Fonte de Cima ou do Senhor, cortava o Largo do Ipiranga (depois Largo Comendador Luiz Álvares da Silva) e desembocava no Mar Pequeno; enquanto que a “pedra redonda”, sem dúvida, trata-se da Pedra da Paixão, que fica nas proximidades. É curioso que, em muitos documentos que pesquisamos, encontramos menção a essa “pedra Ytaguá”, o que significa que a Pedra da Paixão era conhecida por esse nome já naquela época.


CASA GRANDE E SENZALA

As misteriosas ruínas do Itaguá
As misteriosas ruínas do Itaguá 

Tivemos a oportunidade de investigar e fotografar essas ruínas em várias ocasiões e ousamos aventar a hipótese de que elas remontam a uma data anterior a 1800, pois a sua arquitetura é característica do período colonial. No entanto, somente estudos mais aprofundados poderão nos dar conclusões seguras e definitivas.

Ao observador mais atento é possível serem discernidas duas construções distintas. A primeira situa-se ao fundo, restando hoje apenas os seus alicerces. A outra, pelo que se pode perceber através de análises de suas fachadas e alicerces, apresenta, ainda bem conservadas, paredes, pilastras, janelas, nichos etc.

Num certo paredão podem ser distinguidos claramente restos do antigo aqueduto por onde era conduzida a água que, caindo sobre as grandes rodas de pás, movimentavam o mecanismo dos pilões para o descascamento do arroz. Nas proximidades, existia uma pequena queda d´água, de onde provinha o líquido que, canalizado para o engenho através do aqueduto, fazia-o funcionar. O seu curso foi desviado e hoje ainda existe uma bica d´água que desce de um pequeno tanque construído ao lado da estrada.

Na época em que essas duas construções foram levantadas, o acesso ao Itaguá era feito exclusivamente pelo Mar Pequeno, através de canoas, já que ainda não existia a Estrada do Cristo, construída em meados do século XX. Atualmente, o Itaguá só é atingido por essa estrada, uma vez que o caminho que o ligava ao Mar Pequeno foi totalmente coberto por compacta vegetação. As canoas entravam por uma pequena vala, certamente aberta por escravos, e atingiam as duas construções um pouco mais à frente.

As ruínas maiores, ou, mais exatamente, o prédio assobradado que ali existiu outrora, foi construído de pedra e cal, notando-se, em alguns compartimentos, a presença de enormes tijolos. A argamassa era feita extraindo-se a cal dos sambaquis das redondezas, podendo ser observada a presença de cascas de ostras e sernambis, tudo misturado com cascalho. Para dar consistência à massa, utilizava-se óleo de baleia, o que conferia um aspecto viscoso às paredes.

ALGUMAS HIPÓTESES

As misteriosas ruínas do Itaguá
 


O leitor, por certo, está a se perguntar para que foram construídos esses dois prédios, dos quais hoje só restaram enigmáticas ruínas? Hipóteses variadas foram e são levantadas, as opiniões se desencontram, pouca coisa de concreto é obtida.

O Itaguá, segundo informações colhidas na tradição popular, teria sido um engenho de arroz; ou também casa-grande e senzala; ou um convento de jesuítas; além de outras teorias que consideramos fantasiosas, frutos da imaginação popular, como engenho de café, armazém de sacas de arroz, alfândega portuária, estação quarentenária etc. De todas essas supostas finalidades, a mais provável, pelo que pudemos constatar, baseados em informações históricas, é que o Itaguá, de fato, tenha sido uma casa-grande, existindo, também, no local, com toda a certeza, uma senzala e um engenho de arroz.

Antigamente, nas fazendas, construía-se a casa-grande, onde residia o senhor e a sua família, e, nas proximidades, a senzala, onde ficavam os escravos. É evidente que a construção maior, por ser um sobrado, foi uma casa de morada e não um engenho, pois     estes não eram necessariamente assobradados, mas, apenas, erguia-se um terreiro coberto de palhas ou telhas de canal sobre o mecanismo que movimentava os pilões, existindo ao lado um paredão, ou aqueduto, que conduzia a água para acionar o engenho. Observando-se com mais atenção essa construção, percebemos que, em prosseguimento a um dos lados da construção maior, foi construído um paredão, onde se vêem as cavidades por onde passava a água. Presumimos que ao lado desse prédio ficasse o engenho, que devia ser coberto por palhas ou telhas, sendo que, nas imediações, ainda hoje, como frisamos, existe uma pequena queda d´água, de onde vinha o líquido para o acionamento do engenho.

Ainda segundo a tradição popular, o Itaguá teria sido uma capela ou convento construído pelos jesuítas que, no período colonial, estiveram em Iguape. Como ali existem duas construções distintas, uma menor e outra maior, esta poderia ter sido uma capela, pois sua sala principal se assemelha às naves das antigas igrejas coloniais, existindo nichos ou prateleiras onde seriam entronizados os santos. Vários ângulos dessa construção lembram as capelas da época colonial e apresentam alguns traços parecidos com a Casa dos Jesuítas, ainda hoje existente ao lado da Igreja de São Benedito e que, de acordo com a tradição, foi construída pelos padres da Companhia de Jesus. Segundo o historiador Young, essa casa já existia mesmo antes da transferência da vila de Iguape do bairro do Icapara para o local atual, às margens do Mar Pequeno, possivelmente entre 1600-1620.

Essa hipótese desperta alguma atenção, uma vez que, comprovadamente, os jesuítas estiveram em Iguape nos anos coloniais. Curiosamente, a historiadora Judith Mac Knight Jones, em seu livro “Soldado Descança” (onde reconstrói a saga dos americanos confederados que imigraram para o Brasil, alguns dos quais vieram para o Vale do Ribeira) conta que certa família, que se estabelecera em Iguape, ao explorar um dia os arredores da cidade:
     
“Descobriram as ruínas dos alicerces de um grande mosteiro que os jesuítas, recentemente expulsos do país, haviam iniciado. Era de proporções enormes e, mesmo abandonado, servia de testemunho à indomável coragem daqueles padres.” (2)

Essas ruínas seriam as do Itaguá? Infelizmente, esse relato, feito por Belona Smith por volta de 1867, e resgatado pela historiadora Judith Jones, nada mais informa sobre o assunto.

De nossa parte, descartamos a hipótese de ter sido o Itaguá um convento de jesuítas, considerando que os inacianos eram proprietários de um imóvel na área central da então vila de Iguape, prédio que passou a ser conhecido como Casa dos Jesuítas (localizada na rua Dom Idílio José Soares, ao lado da Igreja de São Benedito) e que teria sido a primeira (ou das primeiras) construção a ser edificada no local e coberta com telhas; portanto, não eles teriam necessidade de possuir outro imóvel numa área mais afastada e de difícil acesso.

OS DONOS DO ITAGUÁ (1)

Inviabilizada a hipótese de que o Itaguá tenha sido um convento ou mosteiro de jesuítas, sendo depois abandonado, é, porém, indiscutível que o local foi, comprovadamente, uma casa de morada e também possuía um engenho de arroz.

Por tradição, consta que o Itaguá pertencia ao agricultor e capitalista João Mâncio da Silva Franco. Ata da Câmara de Iguape, datada de 19 de janeiro de 1838, citada pelo historiador Young, informa que naquele ano a Câmara Municipal local estava pleiteando junto ao Governo da Província “o terreno a beira mar nos limites desta Villa desde a pedra Itagua na parte do Nordeste ate a divisa das terras de João Mâncio da Silva Franco da parte do Sudueste, onde finalisa os terrenos doados para a mesma Villa [...]”. A Câmara pretendia utilizar toda essa área para “depositos de madeiras, de canoas, estaleiros, ranxos de pescaria e mais servidões publicas, embarques e desembarques, ficando esta mesma Camara na antiga posse para conceder a quem se propuzer a fazer cães de pedra a sua custa [...]”. (3)

Essa ata não confirma que o Itaguá estava compreendido nas terras pertencentes ao comendador João Mâncio, mas sim que a porção de terras reivindicada pela Câmara de Iguape partia da “pedra Itaguá até a divisa das terras de João Mâncio”.

Durante muitos anos investigando essas misteriosas ruínas, encetamos diligentes esforços para descobrir quem foi o seu proprietário (ou quem foram os seus proprietários). No mês de maio 2019, fazendo uma busca no arquivo de inventários e testamentos que estão sob a guarda da Prefeitura Municipal, sem que esperássemos, nos deparemos com um volumoso processo, com nada menos do que 420 páginas! Tal volume nos deixou curiosos, porquanto, geralmente, os dossiês de inventários e/ou testamentos não têm mais do que 50 páginas.

Apesar de a página de rosto estar bem danificada, foi possível de imediato identificar de quem era esse inventário: comendador José Jacinto de Toledo. Após fotografarmos todo o dossiê, com a devida autorização do Departamento de Administração da Prefeitura de Iguape, pudemos estudar com mais vagar o seu conteúdo. Já tínhamos de antemão a hipótese de que o Itaguá poderia ser de propriedade desse ilustre personagem iguapense. E qual não foi a nossa satisfação ao lermos, na relação da extensa quantidade de bens arrolados no inventário, a seguinte descrição:

“Foi assim mais visto e avaliado pelos mesmos Avaliadores hum Engenho de pilar arros na paragem denominada Itaguá - com dose [doze] mãos, Caza construída de pedra e Cal, aguada, terras, Rancho de telha para canoa, cousas, ventilador, e mais utencilios pertencentes ao Engenho, tudo pelo preço e quantia de nove contos de reis, com que a margem se sae: 9:000$000.” (4)

Era a prova concreta e cabal que buscávamos há tanto tempo: o Itaguá era mesmo de propriedade do comendador Toledo! No inventário, não há menção à data em que o comendador adquiriu a propriedade, se ele construiu a casa de morada e mais o rancho, ou se já comprou de terceiros com os imóveis construídos. Considerando que o ciclo do arroz começou a pesar na balança comercial da vila de Iguape a partir do final do século XVIII e teve o seu “boom” nas primeiras décadas do século XIX, aventamos a hipótese de que o Itaguá tenha de fato sido construído pelo próprio comendador, ele mesmo um dos mais prósperos senhores de arroz da região.

O comendador José Jacinto de Toledo foi um dos homens mais abonados de seu tempo na região sul da província de São Paulo. Pertencia à abastada família Toledo, que teve grande influência na cidade durante o apogeu do ciclo do arroz. Como homem público, foi vereador, presidente da Câmara, comandante do Batalhão das Guardas Nacionais aquarteladas na Vila de Iguape, além de juiz de paz e delegado de polícia. Possuía a patente de tenente-coronel da Guarda Nacional. Agricultor abastado, foi um dos principais “senhores do arroz” de sua época. Construiu um amplo palacete assobradado na antiga rua Direita (atual 9 de Julho), onde  hoje  funciona  o  Hotel  S. Paulo. Em 2 de dezembro de 1840 recebeu do imperador D. Pedro II a comenda de cavaleiro da Ordem de Cristo. Foi deputado provincial pela região de Iguape em 1850-1851. Faleceu em 19 de maio de 1854.

O comendador Toledo não tinha herdeiros legítimos, ascendentes ou descendentes. Mas, como ele mesmo frisou, “por fragilidade humana” teve cinco filhos com uma mulher solteira, e talvez porque se lhe pesasse a consciência, ou possivelmente pelo sentimento paterno que sentia pelos filhos, decidiu reconhecê-los formalmente seis anos antes de seu falecimento. Assim, em 28 de novembro de 1848, no Cartório de Iguape, mandou lavrar a seguinte Carta de Legitimação:

 “Faço saber aos que esta Carta de Legitimação virem, que o Commendador José Jacintho de Toledo, morador nesta Villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape, pertencente à 6ª Comarca da Província de São Paulo, representou por sua Petição, que por fragelidade humana teve de mulher solteira, livre e desempedida os filhos de nomes José Carlos de Toledo, Carolina Leopoldina de Toledo, que fez casar com João Baptista da Silva Carneiro, Delfica Belmira de Toledo, que fez casar com João Mâncio da Silva Franco, Theolinda Maria de Jesus Toledo, solteira, hoje de maior idade, e Maria do Carmo de Toledo, tãobem solteira e de maior idade, os quaes por taes o supplicante tem sempre tratado e educado: e por que não tem herdeiros ascendentes ou descendentes passara a legitimar e habelitar os dictos seus filhos pela escriptura que juntara para os mesmos poderem herdar seus bens e fazendas ainda que ab entestado e gozarem de todas as honras, privilégios, e liberdades, e serviços do supplicante, que de fato, e de direito haver poderão se de legitimo matrimonio nascidos fossem, pedindo por tanto sua Carta de Legitimação. [...] eu Antonio Jose Pinto Escrivão do Juiso Municipal nesta Villa de Iguape da Provincia de São Paulo a fiz aos vinte e oito dias do mês de Novembro do anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e quarenta e oito, vigésimo sétimo da Independencia e do Império.” (5)

A FAMÍLIA

Antes de prosseguirmos com o nosso estudo sobre o Itaguá, veremos alguns dados biográficos sobre os cinco filhos reconhecidos pelo comendador José Jacinto de Toledo:

1) José Carlos de Toledo. Nasceu por volta de 1811. Foi um homem abonado em seu tempo. Casou-se com Anna Maria de Athayde Peniche. Era o proprietário do belo e imponente palacete construído na esquina das antigas ruas do Commércio e do Riachuelo (atuais Major Rebello e Praça Marcondes Salgado, respectivamente), que, em 1858, encantou o viajante alemão Roberto Avé-Lallemant por causa dos dois leões e da “América” que adornavam a sua imponente fachada. Durante muitos anos foi procurador da Irmandade do Bom Jesus, tendo concorrido de seu próprio bolso para solenizar duas pomposas festas do padroeiro de Iguape. Mandou construir, pintar e dourar um nicho na velha Matriz de Nossa Senhora das Neves (demolida em 1858) e, mesmo quando atravessava dificuldades financeiras, ainda ofertou uma rica capa para a imagem do Bom Jesus. Faleceu em Santos a 8 de fevereiro de 1878, já privado de sua fortuna. Foi pai, entre possíveis outros, de: José Carlos de Toledo Júnior; Antônio Carlos de Toledo; e Anna de Toledo Aguiar, casada com Arlindo Carneiro de Araújo Aguiar.

2) Carolina Leopoldina de Toledo. Casou-se com João Baptista da Silva Carneiro, importante comerciante e capitalista, dono do prédio conhecido como Sobrado de Zé Juca, em cujos gradis estão as suas iniciais: JBSC.

3) Délfica Belmira de Toledo. Casou-se com o comendador João Mâncio da Silva Franco. Tiveram os filhos: João Mâncio da Silva Franco Júnior, João Victorino da Silva Franco e João Américo Mâncio de Toledo. Faleceu em 15 de abril de 1850.

4) Theolinda Maria de Jesus Toledo. Casou-se em primeiras núpcias com João Manoel Junqueira Neto; e, em segundas núpcias, em 23 de maio de 1876, com Antônio Martins de Castro, filho do português Francisco de Souza Castro e Anna Maria Novaes.

5) Maria do Carmo de Toledo. Casou-se em 13 de setembro de 1851 com João Mâncio da Silva Franco, viúvo de sua irmã Délfica Belmira de Toledo. Tiveram o filho João Octavio Mâncio de Toledo. Maria do Carmo faleceu em 3 de fevereiro de 1889, no Rio de Janeiro.

Também consideramos necessário traçar algumas linhas biográficas sobre o comendador João Mâncio da Silva Franco, vulto de destaque em seu tempo. Nasceu em Iguape a 21 de maio de 1816, filho de Victorino José Franco e Josefa Joaquina dos Passos. Capitalista, político e agricultor, possuiu uma das maiores fortunas de Iguape, em boa parte herdada de suas duas esposas, gozando de grande prestígio e importância. Exerceu vários cargos públicos na cidade, como vereador, juiz de paz e suplente do juízo municipal. Casou-se, em primeiras núpcias, com Délfica Belmira de Toledo e em segundas núpcias com a irmã desta, Maria do Carmo de Toledo. João Mâncio e família residiam no suntuoso palacete onde hoje funciona o Hotel São Paulo, que herdou de seu sogro e que era uma das chácaras mais bonitas da cidade.

Ao lado do comendador Luiz Álvares da Silva e de Miguel Antônio Jorge (de Xiririca), foi um dos três homens mais abonados do Vale do Ribeira em sua época. Era o proprietário da famosa Companhia de Navegação a Vapor da Ribeira, fundada em 1877, conhecida por Companhia Iguapense de Navegação. A sua renda montava a vultosa cifra de 50 contos de réis. Agricultor abastado, possuía numerosa escravatura. Depois de seu último mandato como vereador (1873-1876) em Iguape, mudou-se para a Corte do Rio de Janeiro, onde viveu por cerca de 20 anos, adquirindo casa na rua da Imperatriz e sendo sócio de importante banco. Faleceu em 26 de abril de 1896, aos 80 anos.

A PARTILHA

Com o falecimento do comendador José Jacinto de Toledo, o inventário foi aberto em 21 de junho de 1854, pouco mais de um mês após a sua morte. Reunidos na casa de morada do juiz de órfãos Dr. Manoel Henriques Cardim, auxiliado pelo escrivão de órfãos Manoel Joaquim Martins, foi nomeada a herdeira Theolinda Maria de Jesus Toledo como inventariante dos bens deixados pelo seu falecido pai.

Dois dias depois, em 23 de junho, foi escolhido para avaliador dos bens dos herdeiros adultos o tenente-coronel (depois comendador) Luiz Álvares da Silva (1808-1883), vulto dos mais notáveis da vila de Iguape, político, agricultor, tendo sido deputado provincial pela região de Iguape. Já para a parte que cabia aos menores (filhos de João Mâncio da Silva Franco e a sua esposa Delfica Belmira de Toledo, a saber, João Mâncio da Silva Franco Júnior, João Victorino da Silva Franco e João Américo Mâncio de Toledo) foi escolhido como avaliador José Gonçalves Maia.

Os bens do comendador Toledo foram avaliados em 126:758$737 (cento e vinte e seis contos, setecentos e cinquenta e oito mil, setecentos e trinta e sete réis), uma verdadeira fortuna para a época.  Desse valor foi descontado o valor de 100$000 (cem mil réis) para sufrágio da alma do falecido (ou seja, para que fossem rezadas missas anuais por sua alma). A legítima de cada herdeiro montou 25:331$747 (vinte e cinco contos, trezentos e trinta e um mil, setecentos e quarenta e sete réis); e a legítima de cada neto, 8:443$915 (oito contos, quatrocentos e quarenta e três mil, novecentos e quinze réis).

A fazenda Itaguá foi avaliada em 9:000$000 (nove contos de réis), sendo repartida entre os herdeiros Theolinda Maria de Jesus Toledo, João Baptista da Silva Carneiro (como cabeça da herdeira Carolina Leopoldina de Toledo) e João Mâncio da Silva Franco (como cabeça da herdeira Maria do Carmo de Toledo). Portanto, a terça parte de cada herdeiro montou 3:000$000 (três contos de réis).

No rol dos bens avaliados e repartidos entre os herdeiros, além da fazenda Itaguá, estavam incluídos o brigue (barco) “Iguapense”; 76 escravos (entre adultos, jovens, crianças e idosos); 21 imóveis (sobrados e casas térreas); 8 terrenos no centro da vila; 4 sítios (Jipovura, Guaviruva, Caputera e Furado do Enfadonho); móveis (cadeiras de palhinha, canapés, cadeiras americanas, mesas, camas, marquesas, armários etc); ouro e prata (oitavas de ouro, contas, botões, cordões, bengala de marfim, castiçais, tesouras, tinteiro, salvas, talheres etc); 1 comenda e 1 hábito da Ordem da Rosa; 1 comenda e 2 hábitos da Ordem de Cristo; animais (bois, novilhos, touros, cavalos, potros etc); além de 18:367$725 (dezoito contos, trezentos e sessenta e sete mil, setecentos e vinte e cinco réis) em moeda. É interessante destacar que os escravos estavam arrolados no item “semoventes” (que se move por si mesmo), termo jurídico que se refere a animais de bando como bovinos, caprinos, suínos etc.

OS DONOS DO ITAGUÁ (2)

Como vimos, a fazenda Itaguá ficou pertencente a três herdeiros do comendador José Jacinto de Toledo, a saber, Theolinda Maria de Jesus Toledo, Carolina Leopoldina de Toledo e Maria do Carmo de Toledo.

Na década de 1870, pela leitura de um anúncio de escrava fugida publicada no semanário “Commercio de Iguape”, em uma edição de 1879, consta que a fazenda pertencia ao senhor Antônio Martins de Castro, casado com Theolinda Maria de Jesus Toledo:

“Ao abaixo assignado, fugio, do Engenho do ´Itaguá´, no dia 23 de Maio próximo passado, a escrava Eulalia, mulata, e consta achar-se acoutada nesta cidade, por seducção; pelo que protesta-se haver, na forma da lei, seus jornaes. Também previne-se que ninguém lhe dê transporte para fora da cidade, e se alguém fizer sugeita-se a indemnizar ao annunciante os prejuízos e perdas que d´hai lhe resultar. Antonio Martins de Castro. Iguape, 16 de Junho de 1879.”(6)

Outra informação publicada em jornal local também confirma que nessa época o Itaguá pertencia a Antônio Martins de Castro, que então era vereador. Trata-se de um comentário feito no editorial do semanário “Commercio de Iguape” daquele ano, que alertava sobre a grande seca que atingia o município, o que vinha prejudicando até o abastecimento de água:

“O sr. vereador Antonio Martins de Castro, avaliando os deploraveis effeitos que póde causar tão sensivel falta [de água], offereceu á corporação de [que] é membro, as aguas que possue na paragem chamada Fonte dos Marinheiros , além de sua fazenda Itaguá, para que a Camara as ponha á disposição do publico, durante o dia, e por todo o tempo que durar a secca.” (7)

Pela leitura dessas duas publicações, fica comprovado que ainda existia no Itaguá um engenho de arroz. Não fica explícito se Antônio Martins de Castro residia no sobrado ali existente. Também não localizamos se do casamento com Theolinda Maria tenha havido filhos.

Teria Antonio Martins de Castro adquirido de seus cunhados João Mâncio da Silva Franco e João Baptista da Silva Carneiro as suas partes da fazenda Itaguá? É uma hipótese a ser considerada, já que, como vimos acima, o Itaguá era referido como “sua fazenda”.

No Almanach Litterario de Iguape de 1899, lançado no final de dezembro de 1898, entre os nove proprietários de linhas telefônicas na cidade, consta o nome do capitão João Antônio Ribeiro Guimarães Coruja e que a linha ficava no Itaguá. Seria o capitão Coruja o dono dessa fazenda ou apenas o arrendatário (hipótese mais provável)?

O ITAGUÁ EM 1900

Em 1900, encontramos dona Maria de Souza Castro e o seu esposo Luiz Vinciprova morando no Itaguá. Vamos conhecer um pouco da história desse casal.

Filha do comendador Filadelpho de Souza Castro (deputado por Iguape e depois figura muito influente na Corte do Rio de Janeiro), Maria de Castro casou-se, em 23 de junho de 1880, com João Octavio Mancio de Toledo, filho de João Mâncio da Silva Franco e Maria do Carmo de Toledo. Desse casamento, tiveram o filho Eurico de Castro Mâncio de Toledo. João Octavio veio a falecer em 28 de maio de 1898. Dona Maria de Castro possuía uma loja comercial no prédio onde depois funcionou a Casa Bento Netto, na esquina da Praça da Basílica com a rua Tiradentes.

Em novembro de 1897, chegava a Iguape o novo pároco Luiz Vinciprova, natural da Itália, cuja família residia em Ribeirão Bonito (SP). Sobre esse padre noticiou o “Commercio de Iguape”:

Don Luiz Vinciprova. Sem ostentação, sem luxos e sem pretenções, tem tomado posse do cargo de vigario d’esta Parochia o Padre Luiz Vinciprova. A impressão que geralmente tem produzido na população iguapense tem sido grata e favoravel. Nobremente franco, de caracter jovial e bondoso nos deixa esperar que a era das discordias, pelo que diz respeito a Igreja, tenha desapparecida para sempre. Seja o senhor Vigario bem vindo entre nos e conte com o apoio e a simpathia d’este povo que pelos sentimentos religiosos profundamente sentidos não acha completa a vida da sua terra sem a assistencia d’um ministro da religião catholica.”(8)

Contudo, o padre Luiz Vinciprova ficou pouco tempo no cargo. Após a morte do esposo João Octavio em 1898, dona Maria de Castro e o padre Vinciprova tiveram um relacionamento amoroso. O padre largou a batina e, assim, em 17 de fevereiro de 1900, casaram-se no Rio de Janeiro. Sobre esse casamento, lemos no “Commercio de Iguape”: nº 1.201, de 4 de março de 1900:

“A 17 ainda do mez próximo passado [fevereiro], no Rio de Janeiro receberam-se em matrimonio a exma. Sra. Maria de Castro Vinciprova com o cidadão sr. Luiz Vinciprova. Agradecendo a gentil participação, aos nubentes almejamos a mais inextinguível felicidade”. (9)

Uma vez casados, o ex-padre e dona Maria de Castro, que então contava 50 anos de idade, foram morar no Itaguá. No começo do século XX, o local era uma bela chácara e ali ainda existia um engenho movido à água. Sobre o local, o semanário “Comarca de Iguape” escreveu interessante matéria:

“Tivemos ocasião de visitar durante a semana p. passada a chacara Itaguá, de propriedade do snr. Luiz Vinciprova. Levou-nos até lá o desejo de examinar a cultura de productos de pequena lavoura que o snr. Vinciprova está iniciando muito bem e com grande proveito para esta cidade. Examinamos detalhadamente a horta onde encontramos desde o aspargo, alcachofra, brocos [brócolis], beterraba, aipo, celga, etc, até os produtos mais geraes como alface, couve, tomates, cebolas, etc. Faz gosto ver-se, muito especialmente aqui onde não se encontra d'estes productos, porque poucas são as pessoas que se dedicam a esse genero de cultura. Percorremos tambem o engenho de benificiar arroz pelo processo dos pilões e movido á agua. Felicitamos ao snr. Vinciprova e agradecemos o modo gentil e cavalheiresco com que nos recebeu na sua pitoresca chacara.” (10)

Nesse ano, Luiz Vinciprova, segundo lemos no “Commercio de Iguape”, nº 1.220, de 5 de agosto de 1900, era proprietário da Casa Italiana, situada no Largo da Matriz (certamente onde, mais tarde, funcionou a Casa Bento Netto), que oferecia “completo sortimento de generos nacionaes, especialidade de generos e vinho italiano, deposito de sal, kerozene, pólvora, vinho, cerveja e gêneros alimentícios”. Era também “armazém de fazendas, oferecendo sedas, cetim, chitas, morim, etc; calçado, modas, armarinho; perfumarias, capas para senhoras, etc; fumo em pacotes e charutos”; além de possuir “grande sortimento em tintas, óleo de linhaça e aguarrás”.

Aqui fica a dúvida: dona Maria de Castro já residia no Itaguá com o seu primeiro esposo, João Octavio? Ou o imóvel teria sido emprestado a ela por seu “tio” Antônio Martins de Castro (casado com Theolinda, tia de João Octavio)? Mas se dona Maria de Castro era proprietária de um belo sobrado no centro da cidade por que então foi morar nos arrabaldes? Teria a ver com a sua nova situação conjugal, considerando que o seu esposo era ex-padre? São perguntas que talvez jamais sejam respondidas.

Dona Maria de Castro viria a falecer no dia 27 de dezembro de 1909, aos 58 anos. De seu casamento com João Octavio, teve Eurico de Castro Mâncio de Toledo, falecido em São Paulo em 3 de novembro de 1947, aos 66 anos, que foi casado com Ismênia de Castro Toledo. Eurico vendeu o sobrado da cidade, em 29 de novembro de 1910, ao capitão José Anastácio Fortes, respeitado comerciante e prefeito de Iguape em 1920, sendo, por fim, adquirido por Bento José de Morais Netto, mais conhecido como Bento Netto, também importante comerciante, em 9 de agosto de 1944.

Sobre o paradeiro de Luiz Vinciprova, pela leitura de jornais e almanaques de São Paulo, vamos encontrá-lo como professor em Campinas em 1911; como professor de italiano e latim de 1913 a 1915 no Instituto de Ciências e Letras de São Paulo; e de 1917 a 1927 como escriturário da Caixa Econômica e Monte de Socorro, também em São Paulo. A partir de então não encontramos quaisquer registros sobre ele, talvez por ter se aposentado ou falecido. Numa edição do “Diário Nacional” (nº 1.397, de 28-2-1932), de São Paulo, ficamos sabendo que eram seus irmãos Vicente Vinciprova, Nicolau Vinciprova, Rosina Vinciprova e Henriqueta Vinciprova.

Segundo depoimento que nos foi prestado em 1983 pelo senhor Sebastião Fortes (1897-1993) – antigo conhecedor da história e das tradições iguapenses –, o ex-padre Luiz Vinciprova não tinha muita vocação para os negócios, razão pela qual o Itaguá teria entrado em decadência, até que foi definitivamente abandonado depois do falecimento de dona Maria de Castro em 1909. É possível que Luiz Vinciprova e o seu enteado Eurico de Toledo tenham vendido a fazenda Itaguá, mas a esse respeito não encontramos documento comprobatório.

OS DONOS DO ITAGUÁ (3)

Após o falecimento de dona Maria de Castro, em 1909, são bastante escassas as referências à fazenda Itaguá. Nada encontramos no período de 1909 a 1939 nos jornais editados na cidade. Somente fomos encontrar citação ao Itaguá vinte anos depois, no semanário “O Iguape”, no qual ficamos sabendo que por essa época o local pertencia ao senhor Oswaldo Leite Silva:

“O abaixo-assignado, proprietário da chácara Itaguá sita a leste desta cidade, possuindo água, mata virgem e terras para cultura, communica a quem possa interessar, que afora a referida chácara por meio de contracto e pelo tempo que for convencionado, devendo qualquer interessado dirigir-se ao sr. João Ferreira de Moraes, nesta cidade, que tem amplos poderes para esse fim. Iguape, 11 de janeiro de 1939. Oswaldo Leite Silva.” (11)

Três anos depois, encontramos outro este anúncio, publicado no mesmo semanário:

SÍTIO ITAGUÁ Vende-se esta propriedade, com boas terras, toda em mata virgem, boas águas, distante apenas 20 minutos desta cidade. Tratar com João Ferreira de Moraes, á rua Major Rebello, 19, nesta cidade.” (12)

De acordo com outras informações, pelas décadas de 1940-1950 o senhor Militão de Matos era caseiro dessa propriedade. Por essa época, o Itaguá já se encontrava em estado de ruínas, mas havia uma cobertura onde morava um senhor conhecido por Carvoeiro, que produzia carvão e, possivelmente, foi autorizado a morar ali pelo proprietário do imóvel. (13)

No tempo da segunda gestão do prefeito Carlos Fausto Ribeiro (1977-1983), a área do Itaguá foi desapropriada para construção de hotel do FUMEST (Fomento de Urbanização e Melhoria das Estâncias), empreendimento que não foi avante, devendo existir no Cartório de Imóveis local o competente registro de desapropriação. (14)

AS LENDAS DO ITAGUÁ

Sobre a fazenda Itaguá, com o passar dos anos, foram criadas diversas lendas, como o “Fantasma do Itaguá”, a “Dama de Branco do Itaguá” e os “Garimpeiros do Itaguá” etc, seres fantasmagóricos que, reza a crendice popular, em noites misteriosas, ainda perambulariam pelas enigmáticas ruínas. (15)

O Fantasma do Itaguá

Todas as noites um pescador saía de sua casa e ia analisar as águas do Mar Pequeno para ver se estavam propícias à pesca. Em certa ocasião, à meia-noite, o pescador estava sentado na calçada de uma fábrica de manjuba, que ficava bem em frente à maré.

De repente, aparece, não se sabe de onde, um homem vestido de preto e com cartola, que pergunta ao pescador se ele já ouvira falar do Itaguá. O pescador respondeu que conhecia bem o local, que era um conjunto de velhas ruínas etc.

Então, o misterioso homem de preto lhe disse que ele fora o proprietário do Itaguá e que lá vivera com a sua família há mais de cem anos. O pescador ficou perplexo. Porém, antes que pudesse fazer alguma coisa, olhou em volta e se deu conta de que o homem de preto desaparecera.

Contam os mais antigos que o fantasma do Itaguá ainda vaga pelas imediações do local no intuito de assombrar as pessoas solitárias que por ali passam à noite.

A Dama do Itaguá

Certa noite, um professor foi passear nas proximidades do Itaguá. Pelas tantas, sem que ele esperasse, surgiu uma dama de branco, muito bela e formosa, que não disse uma palavra sequer, nem fez qualquer gesto. Espantado, o professor, sem querer saber quem era a moça, debandou em disparada.

A Dama do Itaguá já foi avistada várias vezes. Alguns garantem que ela é a esposa do proprietário do Itaguá.

Os Garimpeiros do Itaguá

Às tantas da noite, quando somente o tétrico piar das corujas e os gritos lancinantes dos morcegos se fazem ouvir, vários vultos trajados de negro, saídos sabe-se lá de onde, começam a escavar determinados lugares do Itaguá.

Algumas pessoas garantem ter visto tais vultos, os quais, segundo a lenda, procuram incansavelmente pelo ouro que está escondido no subsolo do local.

Alguns, mais corajosos, dizem ter se aproximado desses vultos, mas ao chegar perto deles, os seres misteriosos corriam atrás dos curiosos, espantando-os. 

O pirata do Itaguá

Dizem que, ao tempo em que o casarão do Itaguá era uma importante fazenda, um navio pirata francês teria atacado o local. O dono, para proteger a sua fortuna, que era considerável, mandou um escravo enter­rar as jóias e moedas. Porém, o servo foi morto pelos piratas, sem tempo de informar ao seu amo o local exato onde enterrara o tesouro.

Choro de Pagãos

Na fazenda Itaguá, contam, morava um fazendeiro muito rico e igualmente malvado. Certa vez, o insensível senhor teve a cruenta ideia de mandar atirar, nas imediações da Pedra da Paixão, próxima ao Itaguá, todas as crianças para que as mães escravas trabalhassem mais e não perdessem tempo cuidando dos filhos. Dizem que, até alguns anos atrás, ouvia-se pelas bandas da Paixão um lamurioso choro de crianças.

NOTAS

(1) YOUNG, Ernesto Guilherme. “História de Iguape” (documentos para a). São Paulo: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume IX, p. 11-112, 1904.

(2) JONES, Judith Mc Knight. “Soldado Descança! Uma Epopeia Norte-Americana Sob os Céus do Brasil”. 1ª ed.São Paulo: Editora Jarde, 1967.

(3) YOUNG, Ernesto Guilherme. Idem, p.155-156.

(4) Inventário do Comendador José Jacinto de Toledo (sob a guarda da Prefeitura de Iguape). Fórum de Iguape, 1854.

(5) Idem.

(6) “Commercio de Iguape”, nº 173, de 24/6/1879.

(7) “Commercio de Iguape”, nº 195, de 16/11/1879.

(8) “Commercio de Iguape”, nº 1.092, de 21/11/1897.

(9) “Commercio de Iguape”, nº 1.201, de 4/3/1900.

(10) “Comarca de Iguape”, nº 33, de 19/10/1900.

(11) “O Iguape”, nº 467, de 8/2/1939.

(12) “O Iguape”, nº 569, de 24/11/1942.

(13) Informação fornecida pelo Prof. José Rubens de Oliveira Fortes.

(14) Idem.

(15) FORTES, Roberto. “Iguape: Nossa História”. 1ª ed., volume II, p. 194-201. Iguape: Gráfica Soset, 2000.

O AUTOR

ROBERTO FORTES
ROBERTO FORTES, historiador e jornalista, é licenciado em Letras e sócio do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.  E-mail: robertofortes@uol.com.br


Blog: https://robertofortes.blogspot.com/



(Direitos Reservados. O Autor autoriza a transcrição total ou parcial deste texto com a devida citação dos créditos).

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