Durante
muitos anos, essa árvore (também chamada de guaracuí) foi considerada o símbolo
da Colônia Japonesa de Registro (SP), como podemos comprovar pela leitura de um
livro publicado em 1933 para comemorar os 20 anos da chegada dos primeiros
imigrantes japoneses ao Vale do Ribeira.
O gracuí, símbolo da cidade de Registro-SP. |
Segundo
informações de antigos moradores da cidade, o gracuí ficava, aproximadamente,
no local onde hoje funcionam as Lojas Cem,
na Av. Pref. Jonas Banks Leite, 685. Era uma árvore que chamava a atenção de
todos por sua altura e beleza. A rua ainda era de terra e mais parecia com um
caminho de roça, cercado por vegetação de ambos os lados.
Há
algumas décadas, o gracuí, que também se tornou a árvore-símbolo da cidade de
Registro (considerada “Marco da Colonização Japonesa no Brasil” pelo Decreto
Estadual nº 50.652, de 30 de março de 2006), “caiu aos golpes do machado bronco", emprestando o verso de
Augusto dos Anjos (1884-1914), em seu poema “A
árvore da serra”.
Em
homenagem ao gracuí (ou guaracuí), o inspirado poeta valerribeirense Lauriano
dos Santos publicou, em seu livro "O
Gracuí e o Poeta" (2007), este belo soneto:
“O Gracuí”
Árvore secular,
marcando a história
dos que aqui viveram a construir
um povo varonil - e cuja glória
consagra as gerações e o porvir.
dos que aqui viveram a construir
um povo varonil - e cuja glória
consagra as gerações e o porvir.
Foi pena que
alguém imprevidente,
ou quiçá, por ignóbil ingenuidade,
querendo o seu espaço, inclemente,
sangrou-te o caule tão sem piedade.
ou quiçá, por ignóbil ingenuidade,
querendo o seu espaço, inclemente,
sangrou-te o caule tão sem piedade.
Feriu-te as veias,
sim, porque tens vida!
Pondo-te ao chão, trépido e indefeso
a por o fim em marco irreverente.
Pondo-te ao chão, trépido e indefeso
a por o fim em marco irreverente.
Como os gigantes
tombam sem guarida
ao amargar da sorte o seu desprezo,
deixaste a tua marca tão somente.
ao amargar da sorte o seu desprezo,
deixaste a tua marca tão somente.
ROBERTO FORTES, historiador e jornalista, é licenciado em Letras e sócio do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. E-mail: robertofortes@uol.com.br