Democracia e liberdade são duas condições básicas
e inalienáveis para a existência e sobrevivência do ser humano, e ambas estão
intimamente interligadas. Com efeito, não se pode conceber a democracia sem
liberdade, nem liberdade sem democracia.
O notável escritor e filósofo mexicano Octavio Paz
(1914-1998) escreveu que “sem liberdade a
democracia é despotismo”, e “a
democracia sem a liberdade é uma ilusão”.
Não obstante, compete ao próprio homem optar por
ambas – democracia e liberdade – ou por suas opostas, que são a tirania e a
repressão. Essa escolha deve ser livre, pois, como toda ação humana, deve ser
feita se a nossa vontade assim o desejar.
Em certo livro, escrito por célebre literato
espanhol, um dos personagens, detentor de fervoroso sentimento liberal, defende
o ponto de vista segundo o qual os espanhóis deveriam, todos, abraçar a
bandeira da liberdade; porém, se nem todos quisessem enveredar por esse
caminho, os rebeldes deveriam ser convencidos à pauladas; para tanto, seria
necessário que os homens livres se armassem, constituindo uma milícia, a qual se
encarregaria de conduzir à força os dissidentes rumo ao horizonte da liberdade.
Jean_Jacques Rousseau (1712-1778), numa de seus
escritos filosóficos, que pregava a onipotência da “vontade geral” (doutrina na
qual, presumivelmente, se inspirou o autor espanhol), também nos diz mais ou
menos o mesmo. Contudo, sabemos que impor a liberdade, antes de ser algo
louvável, é a mesma coisa que agir tiranicamente, se bem que mascarado
democraticamente.
O livre-arbítrio, ou seja, a livre escolha daquilo
que melhor lhe convier, é um dos direitos capitais do homem e de forma alguma
pode ser desmerecido.
Karl Marx (1818-1883) ensinava que, para que a
doutrina socialista pudesse frutificar, era extremamente necessário a sua manutenção
mediante um regime despótico. Nesse ponto, nessa imposição, consiste o aparente
fracasso a que está relegado o socialismo.
Para que se governe democraticamente, não se deve
impor nada, em hipótese alguma, pois o governado respeita o governante se, e
somente se, o mandatário se portar com dignidade, honestidade e respeito à soberana
vontade do cidadão.
ROBERTO FORTES, escritor e poeta, é licenciado em Letras e autor do livro de contos “O Tucano de Ouro - Crônicas da Jureia” (2012), além de centenas de crônicas e artigos publicados na imprensa do Vale do Ribeira. E-mail: robertofortes@uol.com.br
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