O
alemão Friedrich Krupp (1787-1860), foi um respeitado fabricante de canhões,
que fundou em seu país a conhecida indústria de armamentos Krupp, empresa que
foi continuada por seu filho Frierich Alfred Krupp (1811-1887), pelo neto também
chamado Friedrich Alfred Krupp (1854-1950).
Gravura meramente ilustrativa. |
O
que poucos sabem é que, muito antes de Krupp, existiu um ferreiro em Iguape,
chamado Nhô Jesus, que construía canhões de alta qualidade e que foram
utilizados em várias campanhas militares. Dois desses canhões foram parar em
Guarapuava (PR).
Vamos
conhecer essa história.
Lá
pelos idos de 1750 morava na Vila de Nossa Senhora das Neves de Iguape,
Capitania de São Paulo, um velho ferreiro conhecido como Nhô Jesus. Dizem que
se ele tivesse a sorte de ter nascido na Alemanha certamente seria um conde e
seria coberto de glórias. O fato é que Nhô Jesus, bem antes do alemão Krupp
sequer ter visto a luz do dia, já fundia canhões em Iguape e os vendia pelo
preço de 6$800 (seis mil e oitocentos réis).
Naquele
tempo, os sertões de São Paulo e do Paraná eram desbravados, especialmente para
a fundação de novos povoados. No ano de 1771, o coronel Afonso Botelho
organizava a sexta expedição que de São Paulo deveria partir ao sudoeste do
País. No meio do pesado armamento levado pela expedição estavam nada menos do
que dois canhões fabricados por Nhô Jesus!
Carregando
as duas potentes peças do ferreiro iguapense, a tropa de Afonso Botelho explorou
e conquistou os campos de Guarapuava. Ocorre que, ao seguirem em frente, os
expedicionários, por motivos até hoje desconhecidos, deixaram os dois canhões
nas barrancas do rio Ivaí, onde permaneceram por largo tempo.
Quem
por ali passava, vendo os canhões que iam se esverdeando de azinhavre, perguntava-se
o motivo de tais canhões estarem posicionados naquele lugar. Até que um dia
descobriram a história das duas peças: que tinham sido fundidas por Nhô Jesus,
da Vila de Iguape, e que fora utilizada na campanha de Afonso Botelho.
A
Prefeitura de Guarapuava, conhecendo a história dos canhões, não perdeu tempo
em resgatar as peças e encaminhá-las ao Museu do Paraná, onde estão até os dias
atuais.
O
velho Nhô Jesus talvez nunca tenha imaginado que os seus potentes canhões um
dia fariam parte da história paranaense!
ROBERTO FORTES, historiador e jornalista, é licenciado em Letras e sócio do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. E-mail: robertofortes@uol.com.br
(Direitos
Reservados. O Autor autoriza a transcrição total ou parcial deste texto com a
devida citação dos créditos).