Em 1950 um grupo de adolescentes paulistanos aficionados por alpinismo e que já tinha escalado o pico das Agulhas Negras, na serra da Mantiqueira, decidiu realizar um sonho: conhecer e escalar o pico Dedo de Deus paulista, na serra dos Itatins, em Iguape, na divisa com o município de Pedro de Toledo.
Feitos os preparativos para a excursão, que se estendeu de 6 a 11 de abril, durante a Semana Santa daquele ano, pegaram um ônibus de São Paulo até Santos. Desta cidade, foram de trem até a cidade de Pedro de Toledo, de onde o acesso aos Itatins seria mais fácil. Um caminhão os levou pela estrada do Despraiado até onde foi possível; a partir de então o grupo seguiu a pé.
Os jovens viveram uma aventura inesquecível, embrenhando-se pela mata fechada, escalando escarpas escorregadias e sujeitos a ataques de onças e cobras. O grupo, que aos poucos foi se esvaziando devido às dificuldades da escalada, conseguiu chegar bem próximo do Dedo de Deus. No entanto, devido a uma grande abertura no maciço, foram obrigados a abortar a aventura.
Vinte e cinco anos mais tarde, Hamilton de Souza, um dos participantes dessa expedição, retornou ao Despraiado, entrada para a serra dos Itatins, mas, em virtude do mau tempo que se avizinhava, não pode prosseguir.
Mais tarde, Hamilton aproveitou as anotações feitas na época e escreveu o livro “Itatins, a montanha proibida” (Edições Paulinas, 1987), tentando ser fiel ao máximo na reconstrução dos diálogos e dos detalhes da aventura. Mesmo sendo uma história real, o livro pode ser lido como um romance de aventuras, que prende o leitor da primeira à última página. Uma leitura imperdível.
O Dedo de Deus paulista, com 1.330 metros de altitude, seria finalmente conquistado no dia 29 de julho de 1953, numa expedição da qual tomaram parte os irmãos Rodolpho Pettená e Roberto Pettená, guiados por Orézio Ramalho, que residia em Pedro de Toledo onde trabalhava como açougueiro e, que anos antes do grupo de jovens paulistanos, conseguira galgar até quase alcançar o pico, na mesma altura em que os garotos haviam chegado.
Foto: Capa do livro “Itatins, a montanha proibida”, cujo exemplar nos foi presenteado por nosso leitor Dr. Miguel França de Mattos, residente em Sorocaba (SP). |
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História do Vale