Documentário Nas Beiras do Ribeira terá exibições gratuitas no Sesc Registro-SP
Durante o mês de setembro haverá sessões abertas a todos os públicos no Teatro do Sesc, em Registro-SP.
Filme também ficará disponível online no canal do SescTV.
O Sesc Registro inicia no domingo, dia 10 de setembro, as exibições do documentário Nas Beiras do Ribeira, com sessões gratuitas que acontecem no Teatro do Sesc, em Registro-SP, e seguem até o final do mês.
Abertas a todos os públicos, as exibições serão realizadas nos dias 10 e 24/9 (domingos), com início às 18h, e no período de 12 a 28 de setembro (terças e quintas), às 20h, com retirada de ingressos uma hora antes na Central de Atendimento.
O documentário também estará disponível online para ser assistido sob demanda no canal do SescTV, com estreia gratuita no dia 9 de setembro, às 22h. Para assistir, basta acessar o link: sesctv.org.br/nasbeirasdoribeira
Realizado pelo Sesc Registro-SP, com roteiro e direção de Cibele Appes e produção de Querô Filmes, Nas Beiras do Ribeira celebra o Vale do Ribeira, com suas paisagens naturais, histórias e culturas ancestrais e as diferentes comunidades que formaram e habitam o território.
O filme traz depoimentos de diversas pessoas do lugar que, a partir de suas vivências e experiências, ajudam a contar - e a cantar - sobre a rica biodiversidade do Vale do Ribeira, a origem de seus povos, os modos de vida loc ais, a relação das comunidades com o território, suas trajetórias, sonhos e culturas tradicionais.
O rio Ribeira de Iguape é o fio que conduz as histórias narradas no documentário.
Tendo sua nascente no estado do Paraná, a cerca de 100 km da capital Curitiba, o Ribeira corta todo o Vale, correndo por cerca de 470 quilômetros até desaguar no Oceano Atlântico, no município de Iguape/SP.
Somente na porção paulista, são 23 os municípios que se integram a esse território, cujo nome e identidade derivam do Ribeira, um dos principais rios do Estado.
“A ideia do documentário é mostrar o que margeia o Ribeira, o que está próximo, em conexão direta ou indireta com o rio e destacar quem construiu e faz parte da história dessa região, como as várias comunidades aqui presentes: os indígenas, os caiçaras, os quilombolas, os japoneses”, aponta a gerente do Sesc Registro-SP, Débora Rodrigues Teixeira. Para ela, o filme valoriza e amplifica a potência das vozes dessas comunidades e convida o público a estender o olhar sobre o Vale do Ribeira e a conhecer o que a região tem de mais genuíno para mostrar.
A gerente comenta que o Sesc Registro-SP pretende construir, junto com professores, gestores e educadores do Vale do Ribeira, propostas de ações para que a obra audiovisual seja utilizada como material de apoio, tanto em escolas como em outros espaços educadores da região, para trabalhar conteúdos relacionados à história, geografia, ciências, língua portuguesa, artes, entre outras disciplinas e linguagens.
“Nosso desejo é que o documentário encante as pessoas do Vale e se torne uma ferramenta em processos educativos formais e informais”, reforça. Ao público em geral, a expectativa do Sesc Registro-SP é de que o documentário “provoque um olhar carinhoso e cuidadoso para com o Vale do Ribeira, que as pessoas tenham vontade de conhecer e vivenciar a região, de forma sustentável e respeitando todos os povos que aqui habitam”.
Expedição pelo Ribeira e suas comunidades
Para filmar Nas Beiras do Ribeira, as equipes do Querô Filmes, produtores associados e do Sesc Registro-SP realizaram uma verdadeira expedição pelo rio Ribeira e às suas margens.
A diretora Cibele Appes, que também assina o roteiro e a montagem do documentário, conta que foram consumidos vários dias de trabalho, percorrendo os municípios de Registro-SP, Eldorado, Cananeia, Pariquera-Açu e Iguape.
Entre os lugares que mais impactaram a diretora estão a comunidade quilombola de Ivaporunduva, em Eldorado, e a comunidade indígena da etnia Guarani Mbya da Tekoa Pindo-Ty, no município de Pariquera-Açu.
“São modos de vida e pensamentos que a gente pensa hoje quase como utópicos, mas quando você vê acontecendo na prática, aquela convivência mais humana, mais comunitária, percebe que é possível, que a vida pode ser diferente.
E o Vale do Ribeira mostra que há formas diferentes de viver, pra gente se espelhar”. Mas, para isso, continua Appes, é preciso escutar o que os povos tradicionais têm a dizer.
“O documentário registra e leva as vozes desses povos a outras pessoas e lugares, mostrando como culturas tão diversas dialogam e resistem, passando de geração em geração seus conhecimentos e modos de vida sustentáveis”.
Entre as dezenas de pessoas que contribuíram com depoimentos no documentário está a artista visual, poetisa e arte-educadora Pérola Santos, 22 anos.
Em sua obra artística, ela retrata temas e paisagens que se identificam com o Vale do Ribeira. Atualmente morando no Rio de Janeiro, onde cursa Produção Cultural, Pérola é natural de Eldorado/SP, com familiares nascidos no Quilombo Ivaporunduva, situado a 55 km do centro da cidade de Eldorado.
Na margem do rio Ribeira de Iguape, Ivaporunduva é a mais antiga entre as comunidades reconhecidas como quilombolas na parte paulista do Vale do Ribeira.
São mais de 300 anos de histórias, de luta e de resistência da comunidade negra que ali vive.
A artista revela que participar do documentário foi um dos fatos mais importantes que lhe aconteceram este ano.
“Porque me fez pensar sobre o que é ser uma pessoa quilombola e o quanto é importante esse resgate da identificação, do autorreconhecimento como quilombola.
Em tudo que faço e em todo lugar que estou tento levar agora o nome do quilombo junto comigo para manter vivo esse território e para que, um dia, meus filhos também tenham esse vínculo com o quilombo”.
Sobre o rio Ribeira, cuja importância para a região é destacada no documentário, Pérola Santos acredita que o rio não só banha o Vale como é o elemento de sustentação de todo o território. “Foi esse rio que me trouxe até aqui. Se não existisse o Ribeira, meu pai quilombola não teria nascido no Ivaporunduva, a antiga fazenda onde as pessoas negras escravizadas foram levadas para garimpar ouro no rio Ribeira.
Sem esse rio, nós não estaríamos aqui.
O Ribeira é que nos deu esse contexto: pai quilombola, mãe ribeirinha e o nosso territór io quilombola”.
Tammy Weiss, coordenadora institucional do Querô, produtora/instituto que trabalha com projetos audiovisuais de impacto social, complementa que o rio Ribeira “é uma força da natureza” que faz parte da trajetória das comunidades ribeirinhas, quilombolas e dos povos originários.
Ela destaca também a comunidade japonesa que chegou ao Brasil e forma, no Vale do Ribeira, um dos maiores grupos estruturados da comunidade n ipônica no país. “A obra apresenta para o mundo esse Vale diverso, esse lugar tão pulsante em culturas, ricas em valores sociais, culturais, coletivos e comunitários”, reforça a produtora.
Trilha composta por músicos do Vale
Entre os destaques de Nas Beiras do Ribeira está a trilha sonora original composta por artistas e músicos do Vale do Ribeira: Packaw (Visão de Ubá), Antônio de Lara Mendes (Paisagem Ribeirinha), Andryus (Rio Ribeira), D´Carvalho (Porto Registro), Bruna Rosa, Elaine Moura, D´ Carvalho e Packaw (Cenário Colonial). Na trilha sonora também está “História do Ouro”, composição de Antônio de Lara Mendes e Julio Cesar da Costa. O filme traz ainda as poesias de Lelis Ribeiro (Ribeira - Toda Água que nos Forma), interpretada por Maíra Monma, e de Julio Cesar da Costa (Depoimento), interpretada pelo próprio poeta.
A obra traz os depoimentos de André Pires (mestre fandangueiro), Antônio Lara Mendes (Cantador do Vale), Benedito Alves da Silva "Ditão" (liderança do Quilombo Ivaporunduva), Carlos Alberto Pereira Junior (historiador), Danillo Yuzo Fujii Sakuma (professor de taikô), Donaide Morato de Morais (artesã), Eduardo Kenzo Fujii Sakuma (praticante de taikô), Maíra Eduarda Momma (estudante), Maria da Guia Marinho Silva (liderança quilombola e artesã), Micheli Benites (jovem da Aldeia Pindo-Ty), Nilson da Silva (jovem liderança da Aldeia Pindo-Ty), Pérola Santos (artista visual), Renato Werá Mirim (cacique da Aldeia Pindo-Ty), Satoru Sassaki (liderança da comunidade japonesa), Teresinha Eiho Shimada Ferreira (empresária Sítio Shimada), Ume Shimada (fundadora Sítio Shimada), Viviane Schleder do Carmo (guia de turismo), Walter Alves de Lima (artesão e fandangueiro).
Ficha Técnica
Nas Beiras do Ribeira | documentário | 42 min | Livre
Realização: Sesc Registro-SP.
Roteiro, Direção e Montagem: Cibele Appes
Produção: Tammy Weiss e Victor Luiz dos Santos / Querô Filmes.
Produção Executiva: Priscilla Santana e Thais Badim Marques
Pesquisa e Consultoria de Roteiro: Roca Produções e Carlos Alberto Pereira Junior
Direção de Fotografia: Lucas Kakuda
Imagens de Drone: Coop Audiovisual, David Hiroaki, Gabriel Albernaz e Victor Yagyu
Direção de Som: Julio Galassi
Atendimento: Bruna Galvanese
Apresentação: Maíra Monma
sescsp.org.br/nasbeirasdoribeira
sesctv.org.br/nasbeirasdoribeira
Serviço:
Documentário Nas Beiras do Ribeira
Estreia no SescTV: 9/9, sábado, às 22h.
Para assistir sob demanda: sesctv.org.br/nasbeirasdoribeira
Sessões gratuitas no Sesc Registro:
10 e 24/9 (domingos), às 18h.
De 12 a 28/9 (terças e quintas), às 20h.
Retirada de ingressos uma hora antes.
Local: Teatro do Sesc Registro-SP.
Mais informações: sescsp.org.br/nasbeirasdoribeira
O Sesc Registro-SP fica na Av. Pref. Jonas Banks Leite, 57 – Centro de Registro-SP.