Sinais importantes que devemos prestar atenção no TEA
Este texto tem a finalidade de auxiliar e propor um olhar mais atento aos pais e familiares de crianças que apresentam características do transtorno do espectro autista (TEA).
É importante lembrar que, mesmo com o reconhecimento e identificação destes sinais, cada indivíduo é único e não tem ou apresentará os mesmos “sintomas” e características que outra pessoa com TEA possa ter. Por isso, ao perceber esses sinais, cabe à Família a busca por diagnóstico e suporte com profissionais.
Os sinais que adiante serão descritos, já estão presentes na primeiríssima infância, ou seja, ainda quando bebê, é mesmo que desenvolvam-se habilidades esperadas para essa fase, como sentar, engatinhar e andar, o que se verifica porém, são os consideráveis déficits nos campos de comunicação não verbal como o contato visual e sustentação deste, linguagem, iniciar e manter interações sociais.
Antes de dar sequência, é prudente citar mais uma informação considerada por muitos médicos, psicólogos e demais especialistas como sendo valiosa, que é a de buscar o diagnóstico de maneira precoce, portanto, ao compreender e verificar sinais presentes nas fases iniciais, inclusive antes dos 18 meses se é possível, de maneira que as intervenções terapêuticas também iniciadas precocemente favorecem o prognóstico, desenvolvimento e qualidade de vida não somente para o indivíduo como para toda a família e envolvidos.
Os sinais a serem verificados são:
- ausência de resposta ao sorriso ou outras expressões faciais que são direcionados pelos pais;
- dificuldade em fazer é manter contato visual;
- não olhar para objetos que lhes são apontados;
- dificuldade ou ausência do comportamento de apontar para situações e objetos que precisem da atenção e olhar dos pais;
- baixa probabilidade de que possa trazer objetos para que os pais possam olhar;
- não aponta para objetos;
- apresenta considerável dificuldade em perceber o que pessoas ao seu redor estão pensando ou mesmo sentindo demonstrando através de expressões faciais;
- ausência de empatia e/ou preocupação pelos outros;
- desinteresse em fazer amigos;
- dificuldade em apontar para objetos quando deseja algo;
- repetição do que lhe é falado sem compreensão do significado (ecolalia);
- ausência de resposta quando chamado pelo nome;
- reação e resposta a outros sons como buzinas, fogos de artifício, barulho de motos, etc.
- uso de pronomes em terceira pessoa em uma frase: “ele quer”; “ele não gosta”;
- parece não querer se comunicar ou evita comunicar-se;
- não dá início ou mantém conversas;
- uso de brinquedos sem funcionalidade, em situações que possa representar a realidade ou pessoas, ou que se exija o uso de sua imaginação;
- apresenta memória para assuntos específicos como datas, nomes, ou outro tipo de conteúdo;
- importante notar se não há regressão entre os 15 e 24 meses, com a perda ou redução da linguagem;
- não é capaz de falar palavras soltas aos 16 meses;
- apego a rotinas, ordem e comportamentos rituais;
- apresenta dificuldades e restrições à mudanças, seja em ambientes ou às suas atividades e rotinas;
- hiperfoco e ilhas de interesse (interesse por assuntos determinados e específicos);
- brincar sem funcionalidade, há interesse em partes do brinquedo, como a roda do carrinho a girar, cores e luzes;
- comportamentos repetitivos ou estereotipados, andar nas pontas dos pés, girar ou balançar o corpo, agitar as mãos;
- parece não sentir dor ou sensibilidade extrema a luzes, sons, cheiros, toque ou texturas;
Por fim, é importante reafirmar que estes sinais de autismo na infância estão bastante evidentes entre os 12 meses e cinco anos de idade, e é portanto necessário que a família deva estar atenta e conectada à essa criança, e que possa por exemplo, observar que aos 12 meses apresenta dificuldade em responder ou não responde quando é chamado pelo nome, mesmo quando se repita o nome; ou perceber aos 24 meses que, não detém interesse em interagir com os pais e se o fizer, não mantém o contato visual.
Portanto, como já salientado, é importante que a família esteja atenta e dedicada a interagir e estimular essa criança, bem como propor saudável vínculo de confiança para a mesma, e como inicialmente falado, tais informações auxiliam no processo de diagnóstico precoce e busca por intervenção com equipe multiprofissional (médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos e outros).
O importante é ter a família unida ao propósito de aprender e ensinar e também ampliar a qualidade de vida de todos os que integram esse contexto e somar forças na luta e consolidação de uma sociedade mais justa, acolhedora, inclusiva, sem capacitismo e preconceitos.
Glauco Gonçalves é psicólogo atuante na área de psicologia clínica, avaliações e terapia em TEA (Transtorno do Espectro Autista).
CRP/06 - 133936
(Direitos Reservados. O autor autoriza a transcrição total ou parcial deste texto com a devida citação dos créditos).
Esse texto conta com a colaboração da Dra. Laura Gabriela, médica especialista em psiquiatria que atualmente atua no CAPS de Registro-SP.
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