Jovem cineasta de Registro-SP estreia documentário em festival internacional na Europa

Jovem cineasta de Registro-SP estreia documentário em festival internacional na Europa


A Portas Fechadas”, dirigido por João Pedro Bim, foi exibido no IDFA, em Amsterdã.

O cineasta João Pedro Micheletti Baptista Bim, 30, estreou seu primeiro longa-metragem, “A Portas Fechadas”, no Festival Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA), nos Países Baixos. 

Considerado o maior festival de documentários do mundo, o IDFA apresentou mais de 270 filmes de diversos países nesta 36ª edição, realizada entre os dias 8 e 19 de novembro.

O filme foi apresentado no programa Frontlight do festival, voltado a produções que “examinam criticamente a verdade e exploram artisticamente questões urgentes do nosso tempo”. 

Além de ter sua obra exibida em cinco sessões do IDFA, João Pedro Bim também participou em Amsterdã da mesa de debates “Revelando a história”, em que cineastas de vários países discutiram métodos de pesquisas de arquivo para a produção cinematográfica. 

Conforme descrito no site do evento, “(…) Arquivos em todo o mundo são testemunhas valiosas e guardiões de fatos do passado, e os cineastas recorrem frequentemente a eles em busca de respostas enquanto pesquisam histórias que precisam ser contadas (…)”.

“A Portas Fechadas” é resultado de um longo trabalho de pesquisa feito pelo diretor em arquivos audiovisuais do período da ditadura militar brasileira. A jornada começou em 2019 com a realização de um projeto de curta selecionado pelo Programa de Ação Cultural (Proac/SP) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do governo do estado de São Paulo. 

Finalizado o curta e ainda com significativo material pesquisado em mãos - e dada a importância histórica dos arquivos - o cineasta e equipe decidiram desenvolver o longa-metragem, concluído no início de 2023.

Entre os diversos arquivos públicos encontrados por João Pedro Bim no Arquivo Nacional (RJ), o filme revela imagens inéditas daquele período da história brasileira (1964-1985). 

Produzidos pela Agência Especial de Relações Públicas (Aerp), os materiais faziam propaganda do regime militar e eram exibidos, na época, no cinema e na televisão. 

“A Portas Fechadas” faz um cuidadoso trabalho de montagem com esses arquivos, mesclando as propagandas da ditadura com os áudios da reunião do Conselho de Segurança Nacional, realizada em 13 de dezembro de 1968. 

Nesta reunião, cuja gravação ficou secreta por décadas, foi promulgado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), marcando o endurecimento da ditadura no Brasil.

Além do IDFA em Amsterdã, o documentário já foi exibido este ano no Festival Internacional Olhar de Cinema (Curitiba/PR), no Fronteira Festival (Brasília/DF) e na 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Pesquisador e produtor audiovisual, João Pedro Bim é sócio da produtora independente A Flor e a Náusea (SP) e atua na produção de documentários e filmes autorais desde 2016. Como diretor de produção atuou nos filmes Retratos de Piratininga (2023), Panorama (2021), Habitação Social – Projetos de um Brasil (seriado, 2019) e Mesmo com Tanta Agonia (2018). 

Na produção trabalhou em Liberdade (2018) e Feriado em Iporanga (2016). 

Fez também pesquisa de material de arquivo para Minha Perna, Minha Classe (2023) e 13 Canções para falar do Sertanejo (seriado, 2023). 

No longa-metragem Os Jovens Baumann (2019) foi produtor associado e no curta Regresso (2017), assistente de direção. O longa “A Portas Fechadas” é seu primeiro filme como diretor e roteirista.

O cineasta é natural de Curitiba e viveu parte da infância e a adolescência em Registro-SP, cidade onde seus pais residem há mais de 20 anos. 

Em São Paulo desde 2012, formou-se em Audiovisual pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e atualmente está concluindo o mestrado no Programa de Meios e Processos Audiovisuais da USP, com estudo sobre cultura popular no filme “Estrada da Vida” de Nelson Pereira dos Santos.


Ficha Técnica

A Portas Fechadas

Documentário | 66´| Brasil | 2023

Sinopse:


13 de dezembro de 1968. O Conselho de Segurança Nacional se reúne para promulgar o Ato Institucional nº 5 (AI-5). 

A reunião foi gravada, mas ficou secreta por décadas. Do lado de fora das portas do palácio, no cinema e na televisão, a ditadura elabora sobre si mesma imagens de redenção nacional.

Direção e Roteiro: João Pedro Bim
Produção: Matheus Rufino

Produtora: A Flor e a Náusea

Montagem: Bruna Carvalho Almeida
Marcação de cor: Alice Andrade Drummond
Edição de Som e Mixagem: Henrique Chiurciu

Estúdio de Mixagem: Confraria de Sons
Cartaz: Maikon Nery

Jovem cineasta de Registro-SP estreia documentário em festival internacional na Europa
Jovem cineasta de Registro-SP estreia documentário em festival internacional na Europa


Postagem Anterior Próxima Postagem