Temporada Itinerante do Espetáculo Senhora x Senhorita Y chega a Registro-SP

Vale do Ribeira - Com direção e dramaturgia de Silvana Garcia, montagem do coletivo Damas Produções trata de diversos temas que rodeiam a realidade das mulheres.

Tendo como ponto de partida a peça A Mais Forte, de August Strindberg, SENHORA X, SENHORITA Y propõe uma subversão do clássico e dá voz ao protagonismo da mulher. Sucesso de público e crítica em São Paulo, o espetáculo do coletivo Damas Produções faz uma circulação por seis cidades do interior do Estado de São Paulo, além da reestreia na capital paulista. 

Em Registro-SP a apresentação gratuita acontece dia 14 de setembro, sábado, às 20h, no Caixa Preta de Teatro. 

Logo após a sessão acontece um bate-papo do elenco com o público e no dia seguinte, 15 de setembro, das 10h às 14h, as integrantes do coletivo ministram uma oficina teatral.

O espetáculo, que já passou por Cubatão, Ribeirão Preto, Jundiaí e Pindamonhangaba, também faz apresentações em Atibaia. 

A temporada itinerante acontece com apoio do Edital Lei Paulo Gustavo SP – Difusão Cultural.

Em SENHORA X, SENHORITA Y duas atrizes (Ana Paula Lopez e Sol Faganello), e uma performer sonora (Camila Couto), se lançam em um jogo pelo qual intercambiam diversos papéis, explorando com humor ácido as construções heteronormativas do feminino sugeridas por Strindberg. Indo mais longe: elas desafiam o autor pela exposição de um disparador imprevisto: o corpo lésbico reivindicando o protagonismo da cena.

Os espectadores, então, acompanham esse caleidoscópio de mulheres em uma sobreposição retórica de vozes. 

A ideia é colocá-las em cena sem julgamentos, abrindo espaço para a pluralidade de pensamentos. “É um jogo muito performativo. As atrizes Ana Paula Lopez e Sol Faganello transitam tanto entre papéis quanto entre si mesmas.

Ou seja, tem momentos em que a voz é das atrizes e não das personagens”, detalha a performer sonora Camila Couto.

Os papéis das mulheres


Na peça A Mais Forte, Strindberg põe em confronto duas mulheres, a Senhora X e a Senhorita Y, porém dá voz apenas a uma delas, à mulher do lar, àquela que, mesmo supostamente traída, sai vitoriosa porque tem a seu favor a solidez da instituição do casamento; é ela quem serve e, ao mesmo tempo, domina o marido. 

Ambas são atrizes, porém, no texto, limitam-se aos papéis de mulher e amante, e só existem porque estão referidas a um homem.

Por ser um coletivo de mulheres, com convicção feminista, a Damas Produções se dispôs em confronto com a ficção strindberguiana. SENHORA X, SENHORITA Y não é a peça de Strindberg, e sim de uma paráfrase dela. 

A situação é similar, um mesmo cenário, uma mesma situação de início, mas, desta vez, Senhorita Y tem voz. Senhora X e Senhorita Y são duas mulheres que se opõem e se combinam, trocam constantemente de papéis, atravessando o tempo, falando delas na intimidade, mas também delas no mundo.

“Nós olhamos para o texto e entendemos que não queríamos montá-lo como o clássico. Nosso desejo era partir dele para questionar e revelar essas múltiplas vozes femininas que temos hoje em dia. 

Todos os embates que tivemos na sala de ensaio reverberaram na nossa dramaturgia”, aponta a atriz Sol Faganello.

A diretora e dramaturga Silvana Garcia explica que em SENHORA X, SENHORITA Y, as artistas se debruçaram sobre alguns dos papéis que a mulher desempenha na sociedade contemporânea, investigando aspectos muitas vezes contraditórios de sua inserção social e política, de seus investimentos afetivos e dos agenciamentos simbólicos que a cercam.

 “O foco é a construção do feminino – o feminino domesticado, subalterno – do modo como ele se revela por meio da relação entre mulheres. 

Para desafiar o autor ainda mais, rompemos o padrão da heteronormatividade trazendo para a cena o corpo lésbico: o universo da cena se amplia, já não são mais apenas duas, ou três, mas muitas vozes.”

Vozes plurais


Ao acompanhar Senhora X, que traz consigo o imaginário feminino conservador, e Senhorita Y, com a construção de uma mulher independente e feminista, numa sobreposição dialética de vozes, o público se depara com um imprevisto impensado por Strindberg, a afirmação por parte de uma das atrizes de que é lésbica e a mudança de perspectivas a partir desta afirmação: como continuar o jogo performativo e metateatral, falar sobre as expectativas sob o feminino depois de um corpo lésbico pedir o protagonismo na cena?


As cenas são costuradas com um humor ácido, debochado e ingênuo, uma marca do coletivo Damas Produções. Para o grupo, o riso aumenta a dimensão do problema, alertando o público para aquilo contra o qual devemos lutar. 

“O riso também é uma forma de nos identificarmos e nos desidentificarmos com as personagens rapidamente, de um jeito escorregadio”, afirma a atriz Ana Paula Lopez.


SENHORA X, SENHORITA Y trata de diversos temas que rodeiam a realidade da mulher em suas diversas fases de vida: expectativas de comportamento, maternidade, sexualidade, violência de gênero, entre outros.

 Leva para a cena o debate de questões relevantes relacionadas à ampliação dos direitos da mulher e da lésbica, da perspectiva de como a construção do feminino se dá na relação entre mulheres, com a sedimentação de valores (sociais, estéticos, filosóficos) que impedem o pleno desenvolvimento da consciência do ser mulher e preservam para ela um lugar de subalternidade.

Sobre a Damas


A Damas Produções é uma companhia de mulheres multiartistas fundada no ano de 2015 em São Paulo. 

Desde lá vêm se dedicando à produção e criação de espetáculos de teatro, trabalhos audiovisuais e ações formativas para o público adulto e infantil, com o foco em discussões de gênero e o protagonismo das mulheres. 

Formada pelas artistas e pesquisadoras Ana Paula Lopez, Camila Couto e Sol Faganello, em todos seus trabalhos contam com a parceria de uma equipe de mulheres e pessoas queer, desde o processo de criação, produção, até à técnica. 

As Damas atuam, criam, dirigem, coordenam, escrevem, movimentam, cantam, produzem e conquistam seus lugares no mundo!


Instagram e Facebook – @damasproducoes | Youtube – Damas Produções


Serviço:



SENHORA X, SENHORITA Y



Apresentação

14 de setembro, sábado, 20h.

Caixa Preta de Teatro – Rua Meraldo Previde, 531 – Centro, Registro.

60 minutos | 14 anos | Gratuito.



Oficina

15 de setembro, domingo, 10h às 14h.

Inscrições: docs.google.com/forms/d/1Y1k7x5NDeTRX8f4IvLexRT-FSpMMejbASAndcbNSTI/edit



Ficha técnica:



Direção Geral e Dramaturgia – Silvana Garcia. Elenco – Ana Paula Lopez, Sol Faganello e Camila Couto. Stand-in – Helena Miguel. Texto – Silvana Garcia, Ana Paula Lopez e Sol Faganello. Performance e Dramaturgia Sonora – Camila Couto. Direção de Movimento – Ana Paula Lopez. Direção de Arte – Sol Faganello. Iluminação – Sarah Salgado. Operação de Luz – GIVVA e Jessica Catharine. Técnica de Palco – Juliana Jurado. Costureira – Silvana Carvalho. Designer Gráfica – Manoela Silva e Natalia Sayuri. Fotografia do Espetáculo – Camila Picolo. Produção Audiovisual – Sol Faganello | Polvo. Mídias Digitais – Camila Couto. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Direção de Produção – Sol Faganello. Coordenação do Projeto – Camila Couto. Produção Executiva – Maria Carolina Ito. Produção e Realização – Damas Produções.



Sinopse



Sob o pretexto de representar a peça A mais forte, de August Strindberg, duas atrizes e uma performer sonora se lançam em um jogo pelo qual intercambiam diversos papéis, explorando com humor ácido as construções heteronormativas do feminino sugeridas pelo texto. Indo mais longe: elas desafiam o autor sueco pela exposição de um disparador imprevisto: o corpo lésbico reivindicando o protagonismo da cena. O que diria Strindberg disso tudo?

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