História do Cristo Redentor de Iguape

No próximo dia 10 de dezembro de 2024 a imagem do Cristo Redentor, localizada no Morro da Espia, completará 71 anos de inauguração. 

Cristo Redentor, já montado. Créditos: Família Teixeira.
 Cristo Redentor, já montado. Créditos: Família Teixeira.



Para relembrar esse interessante episódio, o nosso saudoso amigo e assinante sr. José Teixeira Martins nos contou em detalhes, no ano de 2013, a história do Cristo Redentor, desde a sua construção em São Paulo até a sua montagem no morro.

A estátua foi encomendada ao escultor José Rosasco pelo então prefeito Casimiro Teixeira (1917-1981), tio do sr. José Teixeira Martins, sendo transportada num caminhão Dodge verde, que pertenceu ao falecido industrial sr. Dário Martins, pai do sr. José Teixeira Martins, da empresa Epimil – Entreposto de Pesca e Indústria de Manjuba Iguapense Ltda, que era utilizado para transportar manjuba para o Mercadão de São Paulo (depois Ceasa).

Foram feitas duas viagens. Primeiramente, o sr. José Teixeira Martins, então com apenas 17 anos, juntamente com o motorista, sr. Onésio Osório de Oliveira, que contava 25 anos, foram num depósito em São Paulo e colocaram sacos de cimento no fundo do caminhão. 

Depois se dirigiram para a rua Joaquim Floriano, no Itaim Bibi, onde pegaram as peças do Cristo Redentor, que foram colocadas em cima dos sacos para não baterem durante o transporte.

Na época, a viagem de Iguape a São Paulo levava até 10 horas, pois ainda não havia a Rodovia Régis Bittencourt, que seria inaugurada em 1961. 

Existiam balsas em Iguape, Registro e Juquiá. O percurso era de terra no trecho de Iguape, Pariquera-Açu, Registro, Juquiá, Tapiraí, Alto de Piedade, Piedade e Ibiúna, e asfalto em Cotia e São Paulo.

Montagem do Cristo. Vemos à esquerda o prefeito Casimiro Teixeira. Créditos: Família Teixeira.
Montagem do Cristo. Vemos à esquerda o prefeito Casimiro Teixeira. Créditos: Família Teixeira.



A estátua era composta por várias partes: duas do tronco, dois braços e a cabeça. Foi descarregada perto da antiga Usina Elétrica, no sopé do morro. 

Quando a estátua estava sendo descarregada, um braço tombou, mas não chegou a cair no chão, e por pouco não atingiu o sr. José Teixeira Martins. 

Dali foi colocada numa padiola e conduzida por caminho íngreme para o alto da Santa Cruz, onde foi montada sobre grande pedestal. A Santa Cruz era uma grande cruz de madeira, que fora levantada pelo sr. José Gonçalves.

Montagem do Cristo. Vemos à esquerda o prefeito Casimiro Teixeira, ao lado dos homens que montaram a estátua. Créditos: Família Teixeira.
Montagem do Cristo. Vemos à esquerda o prefeito Casimiro Teixeira, ao lado dos homens que montaram a estátua. Créditos: Família Teixeira.



A obra de montagem foi iniciada no dia 21 de agosto de 1953 pelos pedreiros construtores Antônio Pacca e Humberto Pacca. Para ser bem avistada, foi colocada iluminação direta na estátua e outras coloridas na amurada em frente.

Cabeça da estátua, ainda não montada. Créditos: Família Teixeira.
Cabeça da estátua, ainda não montada. Créditos: Família Teixeira.



No dia da inauguração, 10 de dezembro de 1953, houve grande festa na cidade e bênção da imagem pelo padre Branislau, com a presença do prefeito Casimiro Teixeira, do governador do Estado, Lucas Nogueira Garcez, e sua esposa, d. Carmelita Garcez, e também do engenheiro Durvalino Vieira e sua esposa, d. Elisa Monteiro Vieira, que foram considerados “padrinhos na solenidade da inauguração” da imagem e “benfeitores desta terra”, conforme se lia na placa original de inauguração, furtada há alguns anos.



O motorista do caminhão, sr. Onésio Osório de Oliveira, mais conhecido como Osório de Oliveira, nasceu em Iguape em 3 de setembro de 1927 e faleceu em 29 de agosto de 2003, aos 75 anos, tendo sido casado com a senhora Rosa A. de Oliveira, falecida. 

Tirada no Posto Paraná, na saída de São Paulo. Vemos José Teixeira Martins á esquerda e Onésio à direita. Créditos: Família Teixeira Martins.
Tirada no Posto Paraná, na saída de São Paulo. Vemos José Teixeira Martins á esquerda e Onésio à direita. Créditos: Família Teixeira Martins.



O casal deixou três filhas: Maria Conceição Pereira, Diná Oliveira de Lima e Lígia Oliveira Ramponi, além de netos e bisnetos.

O sr. José Teixeira Martins nasceu em Iguape em 11 de setembro de 1935 e faleceu em 10 de agosto de 2016. Foi casado com a senhora Lurdinha Ramos Martins, falecida, deixando três filhos: José Ignácio Martins, Adilson José de Jesus Martins e Edilene Maria Aparecida Martins.

Fica aqui uma homenagem às memórias desses iguapenses que fizeram parte desta histórica empreitada.

Placa original da inauguração do Cristo Redentor.
Placa original da inauguração do Cristo Redentor.



Por Roberto Fortes
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